Num mundo em que os terremotos não respeitam as cidades milenares e destroem uma jóia da arquitetura italiana; em que os furacões se lixam para a época do ano em que deveriam ocorrer e varrem os Estados Unidos com a tranqüilidade de quem está em paz com Deus; em que outros furacões se formam em frente à costa de Santa Catarina, o que era tido por impossível até pouco tempo atrás; em que os tornados, além das pradarias norteamericanas, devastam o interior de São Paulo; em que as tempestades inundam Santa Catarina e depois o nordeste, enquanto a seca desertifica os outrora ricos campos gaúchos, a pergunta que fica é: E agora, José?
Mas quando pensamos que vivemos numa época em que assaltantes menores de idade matam a tiros crianças de 8 anos de idade porque a babá não sabe desligar um alarme; em que brigas de trânsito se transformam em assassinato; em que policiais, que deveriam proteger a sociedade, são os bandidos que achacam e sequestram; em que as balas perdidas matam dentro dos ônibus; em que os assaltos se multiplicam; em que os políticos mostram a cara e são mais feios que os piores bandidos, vemos também que dificilmente José terá a resposta.
Não há o que fazer. A verdade é que estamos sujeitos a agressões das mais diversas naturezas e origens, capazes de causar danos irreparáveis ao patrimônio e à saúde. Para não falar na vida humana, hoje tão desprestigiada e tão barata. Em várias partes do Brasil é possível contratar um pistoleiro por menos de um mil reais. E em outros países o fanatismo faz com que pessoas matem e morram, em nome de doutrinas e religiões que pregam o amor entre os homens.
Neste cenário, todos nós, seres humanos, do presidente dos Estados Unidos para baixo, somos impotentes. Não temos ferramentas apropriadas para nos proteger, como sociedade e como indivíduos. Estamos à mercê de forças muito mais poderosas do que nossa capacidade de resposta e isso nos deixa indefesos, ante as vicissitudes da vida moderna.
Os riscos que nos ameaçam são terríveis e cobram a cada ano um preço mais elevado. As mudanças climáticas estão aí, absolutamente reais, nos prejuízos incalculáveis, em vidas e patrimônios destruídos, causados cada vez com mais frequência e brutalidade pela natureza em fúria.
Concorrendo com ela, ações humanas são responsáveis pela morte de centenas de milhares de pessoas anualmente. Só no Brasil, cinquenta mil pessoas são assassinadas e outras tantas morrem ou ficam com sequelas por conta dos acidentes de trânsito.
Para completar o quadro, doenças novas, e não tão novas, vão cobrando seu preço, em endemias, epidemias e pandemias que se espalham com rapidez, muitas vezes fora do nosso controle, atingindo regiões tidas como seguras, com enorme eficiência na arte de matar.
Neste cenário de riscos constantes e imprevisíveis existe apenas uma ferramenta capaz de minorar as perdas de todos os tipos que podem nos atingir. As apólices de seguro não têm o dom de evitar o dano, nem de impedir o prejuízo, mas ao menos minimizam as perdas econômicas, permitindo a reconstrução do patrimônio atingido, da capacidade operacional afetada e até mesmo a sobrevivência da família, através da indenização do seguro de vida.
A história recente tem nos mostrado a importância do seguro como a mais eficaz de todas as ferramentas de proteção social. Mais do que as polícias e as forças armadas, as apólices conseguem conter as perdas dentro de parâmetros toleráveis. E é isso que faz a diferença entre Nova Iorque e Nova Orleans, ambas localizadas nos Estados Unidos e atingidas por eventos altamente danosos, dos quais a primeira saiu rapidamente, enquanto a segunda patina até hoje, por não ter, como a irmã do norte, seguros capazes de repor parte significativa de suas perdas.
Mais que nunca o governo brasileiro precisa incluir em seu planejamento social programas de seguros populares, fundamentais para dar condições de sobrevivência para nossa população de baixa renda, a mais ameaçada pelos riscos da vida moderna.